Fortalecer rede de proteção dos mais vulneráveis é urgência
Qualquer pessoa pode denunciar pelo Disk 100

Maio é o mês dedicado ao enfrentamento do abuso e da exploração sexual de crianças e adolescentes. Neste contexto, a campanha Maio Laranja também reforça a urgência de proteger as pessoas com deficiência, que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), têm quatro vezes mais chances de sofrer abuso sexual do que aquelas sem deficiência. A vulnerabilidade é ainda maior em casos de deficiência intelectual, limitações na fala ou compreensão e dependência de cuidados diários.
Durante evento promovido pela APAE de Porto Velho, na última quinta-feira (15), que reuniu alunos, famílias, professores, terapeutas e colaboradores, a pedagoga Jane Lúcia Souza fez um chamado urgente à comunidade escolar:
“Toda a comunidade do ambiente escolar precisa estar muito atenta e agir sempre de forma preventiva para evitar que os mais vulneráveis se exponham a riscos. É fundamental praticar a escuta ativa e sensível, estar alerta a qualquer mudança de comportamento, sinais de tristeza, isolamento ou reações incomuns. É preciso se aproximar com jeitinho, criar vínculo, acolher e perguntar com cuidado o que está acontecendo.”
Formadora de professores da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Jane Lúcia tem percorrido escolas da rede pública com palestras e oficinas voltadas a alunos, famílias e educadores, levando informação, estratégias de prevenção e sensibilização sobre os direitos da criança e do adolescente.
Durante sua fala na APAE, ela também destacou a importância do canal de denúncias Disque 100, lembrando que qualquer pessoa pode denunciar, mesmo de forma anônima:
“Você não precisa se identificar. A identidade de quem denuncia é preservada. O importante é não se calar diante de qualquer suspeita de violência.”
Atenção redobrada: pessoas com deficiência estão mais expostas à violência sexual
A vulnerabilidade de crianças, adolescentes e adultos com deficiência diante de situações de violência sexual é alarmante e já reconhecida por pesquisas nacionais e internacionais.
No Brasil, levantamento da Agência Brasil (2023), com base nos dados do Disque 100, revelou que cerca de 30% das vítimas de abuso sexual infantil apresentavam algum tipo de deficiência. A subnotificação ainda é um problema recorrente: muitas vítimas não conseguem relatar o abuso — e, quando o fazem, nem sempre são levadas a sério.
Prevenção é responsabilidade de todos
A formação continuada de educadores e o fortalecimento do vínculo com os alunos são estratégias essenciais para prevenir e combater o abuso sexual no ambiente escolar. A escola deve ser um espaço de proteção, confiança e escuta. Isso exige professores sensíveis, capacitados e atentos, capazes de enxergar cada aluno em sua integralidade — com suas emoções, histórias e possíveis sofrimentos silenciosos.
No entanto, a responsabilidade é coletiva. Formar uma rede de proteção exige o envolvimento de todos os profissionais da escola, das famílias, do poder público e da sociedade civil. Nenhuma criança ou adolescente — especialmente os mais vulneráveis — deve enfrentar sozinha qualquer forma de abuso. Proteger é um dever de todos.
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