Os dados mais recentes do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo IBGE, escancaram uma dura realidade: o acesso à educação continua desigual para pessoas com deficiência no Brasil. Entre os brasileiros com 15 anos ou mais que possuem algum tipo de deficiência, 21,3% são analfabetos — número quatro vezes maior que o registrado entre aqueles sem deficiência (5,2%).

Entre as pessoas com deficiência com 25 anos ou mais, 63,1% não concluíram sequer o ensino fundamental. Já entre os demais brasileiros, essa taxa é de 32,3%. A situação no ensino médio também preocupa: apenas 17,8% das pessoas com deficiência conseguiram completar essa etapa, enquanto entre as pessoas sem deficiência o índice é quase o dobro (33,9%).

Pessoas autistas

O Censo também detalhou a escolarização entre pessoas com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Entre adultos com 25 anos ou mais, quase metade (46,1%) não têm instrução ou não completaram o ensino fundamental, superando a média nacional de 35,2%.

Por outro lado, o índice de escolarização — que mede quantas pessoas estão atualmente na escola — é mais alto entre pessoas com TEA: 36,9% das pessoas com 6 anos ou mais estão estudando, frente a 24,3% da população geral. Esse dado é puxado principalmente pelos jovens de 18 a 24 anos (30,4% contra 27,7%) e pelos adultos com 25 anos ou mais (8,3% contra 6,1%).

Entretanto, entre crianças e adolescentes, os números acendem um alerta. A taxa de escolarização de autistas entre 6 e 14 anos é de 94,4%, abaixo dos 98,3% da média nacional. Na faixa dos 15 a 17 anos, o índice também é menor: 77,3% contra 85,3%.

Ao todo, 2,9 milhões de brasileiros com deficiência ainda não sabem ler nem escrever — em um universo de 13,6 milhões de pessoas com 15 anos ou mais que enfrentam limitações físicas, sensoriais ou mentais severas.

Esses números reforçam o tamanho do desafio que o país ainda precisa enfrentar para garantir uma educação inclusiva, de qualidade e acessível para todos.